Áudio Tuinaki Koixaru Karajá
Ixitkydkỹ significa “vestir” em inỹrybè, língua Inỹ Karajá
Povo Inỹ Karajá
O povo Inỹ Karajá compreende pouco mais de 4 mil pessoas (IBGE, 2010) que são habitantes imemoriais do Rio Araguaia. Sua população aldeada está distribuída em aproximadamente 27 aldeias, que passam pelos estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Pará (DSEI, 2020).¹
A sua língua é o inỹrybè, em que inỹ significa “nós” e rybè significa “modo de falar” (NUNES, 2016)², pertencente ao tronco linguístico Macro-Jê, que se divide em: Karajá, Javaé e Xambioá. Cada uma dessas etnias possui uma forma diferente de se comunicar, que varia de acordo com o sexo do falante. As diferenças nos modos de falar masculino e feminino são caracterizadas especialmente pela queda da consoante /k/ na pronúncia dos homens.
Toda a cultura Inỹ Karajá está diretamente relacionada com a sua cosmovisão de mundo, incluindo as histórias que envolvem a sua origem. A divisão social entre os gêneros não é somente expressa na língua, mas também em diversos outros aspectos de sua cultura, como nas produções manuais. As mulheres Inỹ Karajá tendem a ocupar mais os espaços residencial e doméstico, e são o esteio da língua materna e detentoras da memória genealógica, da mitologia e das práticas convencionais (NUNES, 2016).
Esta exposição digital é dedicada às mulheres Inỹ Karajá, visite-a e impressione-se com a rica tradição vestimentar desse povo por meio da curadoria colaborativa entre indígenas e não indígenas.
¹ Dados de 2020 do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) informam a existência de 27 aldeias Inỹ Karajá. Fonte: Projeto de Pesquisa (em andamento) Presença Karajá: tramas e trânsitos coloniais (UFG/Université de Liége). Mais informações, consultar o perfil do projeto no Instagram @presenca_karaja.
² NUNES, Eduardo Soares. Transformações Karajá: os “antigos” e o pessoal de “hoje” no mundo dos brancos, 2016, 609 f. Tese (Doutorado em Antropologia) ― Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal, 2016.
Lasi
Descrição: corte de mecha de cabelo no topo da cabeça, similar a um topete, mantido levantado com a aplicação de uma resina vegetal chamada kowoji que deixa o cabelo com aspecto duro. Ela é extraída de uma árvore chamada pelos não indígenas de amescla ou breu-branco.
Matéria-prima: óleo extraído da árvore amescla, também chamada de breu-branco.
Contexto de uso, faixa etária e gênero: utilizado especialmente por moças chamadas de ijadòkòma, que tiveram a primeira menstruação, são virgens e ainda não se casaram. As mulheres já casadas usam o topete lasi somente quando atuam como brotyrè. Brotyrè são pessoas, podem ser homens ou mulheres, que se vestem de forma similar ao indivíduo que está passando por algum ritual, atuando como uma espécie de "aliados". Geralmente são familiares da pessoa que passa pelo ritual. O intuito é compartilhar a tensão psicossocial do momento, além de contribuir para o processo de parentesco entre os familiares e as gerações.
Áudio Eduardo Nunes
Imagem 1
Foto: Hawalari Coxini e Rafaella Coxini (2019)
Local: Aldeia de Fontoura/TO
Imagem 2
Descrição: ritual chamado Harubdè, relativo a primeira menstruação da moça.
Nome da moça: Wekuka M. Inỹ
Acervo pessoal da Waxiaki Karajá
Local: Aldeia Santa Isabel do Morro/TO
Foto: Waxiaki Karajá (sem data)
Kuè
Descrição: objeto feito com penas de arara nas cores preta, amarela e vermelha, dispostas em forma de roseta de plumas, presas a uma tira de madeira a partir da cera de abelha. Apresenta no centro um dente de mamífero capivara.
Matérias-primas: penas da ave arara, linha de algodão, dentes do mamífero capivara, cera de abelha.
Dimensões:
A) diâmetro: 10,3 cm; altura: 7 cm; peso: não informado
B) diâmetro: 9,5 cm; altura: 8,4 cm; peso: não informado
Contexto de uso, faixa etária e gênero: objeto usado em par nas orelhas (uma unidade de kuè em cada orelha), similar a brincos. As penas são alinhavadas e unidas por linha de algodão ou cera de abelha formando uma roseta. Cada roseta possui um dente de capivara no miolo, revestido com linha de algodão. A cera de abelha ou a linha de algodão são utilizadas para o acabamento, unindo as penas de arara em forma de roseta, um dente de capivara e uma tira de madeira. O adorno é utilizado por meninos a partir de 3 anos de idade até se tornarem rapazes no ritual de iniciação masculina chamado Hetohokỹ, após isso, eles passam a usar outra espécie de brinco cujo miolo é uma madrepérola chamado de dohoruè. As meninas usam o brinco também a partir dos 3 anos de idade, até se casarem. Depois disso, elas o usam somente quando atuam como brotyrè. Brotyrè são pessoas, podem ser homens ou mulheres, que se vestem de forma similar ao indivíduo que está passando por algum ritual, atuando como uma espécie de "aliados". Geralmente são familiares próximos a pessoa que passa pelo ritual. O intuito é compartilhar a tensão psicossocial do momento, além de contribuir para o processo de parentesco entre os familiares e as gerações.
Áudio Chang Whan
Imagens 1, 2 e 3
Acervo: Museu Goiano Professor Zoroatro Artiaga (MUZA), Goiânia/GO.
Foto: Hawalari Coxini e Rafaella Coxini (2022)
Imagens 4 e 5
Acervo pessoal de Waxiaki Karajá
Local: Aldeia Santa Isabel do Morro/TO
Foto: Juanahu Inỹ (2022)
Imagens 6 e 7
Acervo pessoal de Waxiaki Karajá
Local: Aldeia Santa Isabel do Morro/TO
Artesã: Márcia Mytara Karajá
Foto: Juanahu Inỹ (2022)
Imagens 8 e 9
Acervo pessoal de Hetodidik Karajá
Local: Aldeia Santa Isabel do Morro/TO
Foto: Indyanelle Marçal Garcia Di Calaça (2022)
Imagens 10 e 11
Local: Aldeia Santa Isabel do Morro/TO
Criança indígena: Tuinaki Karajá
Foto: Juanahu Inỹ (sem data)
Imagem 12
Local: Aldeia Fontoura/TO
Foto: Hawalari Coxini e Rafaella Coxini (2019)
Dohoboraty
Descrição: objeto feito com penas de arara na cor vermelha, dispostas em forma de pingente em um cordel comprido de linha de algodão. Usado em conjunto com o brinco kuè.
Matérias-primas: penas da ave arara, linha de algodão.
Dimensões:
A) diâmetro: 5,5 cm; altura: 22,2 cm; peso: não informado
B) diâmetro: 6,5 cm; altura: 22,2 cm; peso: não informado
Contexto de uso, faixa etária e gênero: objeto usado em par nas orelhas (uma unidade de dohoboraty em um kuè em cada orelha), em forma de pingente em um cordel. As penas são inseridas em uma linha de algodão, que será presa ao brinco kuè. As meninas usam a partir dos 3 anos de idade, até se casarem. Depois disso, elas usam somente quando atuam como brotyrè. Brotyrè são pessoas, podem ser homens ou mulheres, que se vestem de forma similar ao indivíduo que está passando por algum ritual, atuando como uma espécie de "aliados". Geralmente são familiares próximos a pessoa que passa pelo ritual. O intuito é compartilhar a tensão psicossocial do momento, além de contribuir para o processo de parentesco entre os familiares e as gerações.
Imagens 1 e 2
Acervo: Museu Goiano Professor Zoroastro Artiaga (MUZA), Goiânia/GO.
Foto: Hawalari Coxini e Rafaella Coxini (2022)
Mỹrani
Descrição: objeto feito com linha de algodão e miçangas em formato retangular, com grafismos que podem aparecer nas cores amarela, vermelha, preta, branca ou azul; similar a um colar. Na parte inferior do adorno há sementes da árvore de aguaí (Thevetia peruviana) de cujo interior pendem rosetas de penas de arara. Possui cordel de algodão para amarrar o objeto no pescoço. O seu tamanho varia conforme a idade do indivíduo. O colar da imagem forma padrões do grafismo denominado Koékoé, produzido na Ilha do Bananal/TO, pela artesã Iracema Karajá e doado ao Museu Goiano Professor Zoroatro Artiaga em 2004.
Matérias-primas: miçanga de vidro, linha de algodão, pena de arara, semente da árvore aguaí (Thevetia Peruviana).
Dimensões: largura: 11 cm; altura: 34 cm; peso: 20 g.
Contexto de uso, faixa etária e gênero: o colar de miçangas é usado tanto por homens quanto por mulheres. As mulheres, sendo crianças, jovens ou casadas, usam o colar durante as danças com Aruanã, mas depois de terem filhos param de usar e o uso fica restrito somente quando atuam como brotyrè. Brotyrè são pessoas, podem ser homens ou mulheres, que se vestem de forma similar ao indivíduo que está passando por algum ritual, atuando como uma espécie de "aliados". Geralmente são familiares próximos a pessoa que passa pelo ritual. O intuito é compartilhar a tensão psicossocial do momento, além de contribuir para o processo de parentesco entre os familiares e as gerações.
Imagens 1, 2 e 3
Acervo: Museu Goiano Professor Zoroastro Artiaga (MUZA), Goiânia/GO.
Foto: Hawalari Coxini e Rafaella Coxini (2022)
Imagem 4
Acervo pessoal da Waxiaki Karajá
Local: Aldeia Santa Isabel do Morro/TO
Foto: Indyanelle Marçal Garcia Di Calaça (2022)
Nõhõ
Descrição: objeto feito a partir de um conjunto de cordões de algodão com miçangas de cor vinho, utilizado no pescoço similar a um colar. Utilizado por baixo do mỹrani. Produzido por Tereza Myrididi.
Matérias-primas: miçanga de vidro, linha de algodão.
Dimensões: não informado
Contexto de uso, faixa etária e gênero: adorno usado por homens e mulheres, desde crianças até adultos. As mulheres jovens e casadas usam o colar durante as danças com Aruanã, mas depois de terem filhos param de usar e o uso fica restrito somente quando atuam como brotyrè. Brotyrè são pessoas, podem ser homens ou mulheres, que se vestem de forma similar ao indivíduo que está passando por algum ritual, atuando como uma espécie de "aliados". Geralmente são familiares próximos a pessoa que passa pelo ritual. O intuito é compartilhar a tensão psicossocial do momento, além de contribuir para o processo de parentesco entre os familiares e as gerações.